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Ninho Vazio

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Ninho Vazio

Ninho Vazio, como ajudar os casais a enfrentar esta etapa da vida familiar?

 

Lei natural da vida: Os filhos crescem e seguem seu caminho, assim como os pais um dia o fizeram.

Todos os casais sabem, desde o momento em que têm seus filhos, que se tudo correr bem e eles se desenvolverem satisfatoriamente, crescerão e um dia deixarão a casa dos pais e irão procurar o seu próprio espaço, a sua profissão e/ou iniciarão uma nova família.

Sabem, porém, dificilmente se preparam para isto. É como se este dia fosse estar sempre no futuro, e quando este dia acontece, vêem-se na circunstância de se deparar com a casa e a vida vazias, e a sensação é de uma imensa solidão e falta de sentido: o ninho construído com tanta dedicação, de repente sem a presença dos filhos, pode ser fonte de grande tristeza, e sem os devidos cuidados, até precipitar estados depressivos. 

Os sentimentos são muitos e geralmente misturados, e vão desde a alegria da “missão cumprida”, da sensação agradável de ver os filhotes crescidos e realizando os seus projetos e sonhos, até a sensação de tristeza e desespero por se deparar com a solidão e a falta de função da vida; este extremo geralmente vivenciado por aqueles que tiveram como principal atividade na vida a criação e cuidado com os filhos.

Como estar mais preparado para esta etapa da vida familiar?

Nós falamos em prevenção com relação à saúde física, mas podemos e devemos pensar e  agir de forma preventiva, também em relação às questões emocionais e naquilo que chamamos de experiências relacionadas ao ciclo vital da família, dentro do qual, é previsível e como dito, esperado e natural, o momento da saída dos filhos do lar.

Os pais mais suscetíveis a sofrer de síndrome do ninho vazio incluem aqueles que colocaram os filhos sempre em primeiro lugar ou ainda os colocaram no lugar de parceiros por viverem um casamento infeliz ou por estarem sozinhos, aqueles para quem a função materna e paterna são exclusivas ou as mais significativas na vida; aqueles que não desenvolveram interesses próprios, hobbies ou práticas religiosas; os que não têm um trabalho significativo e os que deixaram de cultivar outros relacionamentos com familiares, amigos e ainda os que se tornaram mais rígidos e desenvolveram pouca capacidade de lidar com as mudanças.

Portanto, preventivamente, ajuda distanciar-se o mais possível da lista acima, criando conscientemente possibilidades diversas.

À medida que os filhos crescem, é importante que os pais se ocupem cada vez mais dos próprios interesses e da própria vida, criando para si mesmos novos focos de atenção e de ação. Desta forma, não se sentirão “sem nenhuma função” quando o cuidado imediato com as crias se fizer desnecessário.

Os filhos saem e o casal precisa se olhar nos olhos outra vez

Quando os filhos se retiram, o casal vai precisar se olhar e entender que estão mais uma vez um com o outro, como no início. Isto pode provocar uma crise ao descobrirem o quanto se afastaram e se perderam em meio às tarefas do dia a dia, talvez entendam que são quase como estranhos um para o outro e nestes casos, precisarão decidir se este afastamento cresce a ponto de os separar em definitivo ou se a partir daí começa a viagem de volta e a redescoberta do outro, reconhecendo e valorizando tudo aquilo que os une e os uniu no decorrer deste tempo de vida em comum.

Se a opção for por se reconectar e fortalecer como casal e seguir em frente, estaremos diante de um momento valioso e especialmente rico, onde será possível o desabrochar de um amor ainda mais profundo e forte do que jamais sentido.

O casal pode começar a retomar e aprofundar o contato um com o outro exatamente onde se encontra. E poder compartilhar os próprios sentimentos em relação ao afastamento dos filhos. É muito importante que decidam se apoiar e dar tempo para que todas as emoções e estágios desta experiência sejam vividos, mas sempre com uma atitude positiva e otimista em relação à nova etapa que está porvir.

Quando os filhos saem de casa, talvez esta seja uma boa hora do casal encarar  a vida como uma grande e renovada aventura. Este momento muitas vezes coincide com o fechamento de outros ciclos, como aposentadoria por exemplo, o que potencializa uma crise mais forte,  ou então oportunidades mais intensas, dependendo de como seja encarado.

Estarão livres para um grande número de sonhos que ficaram por se realizar, vale a pena redescobri-los: onde ficaram escondidos, dentro de que baús guardados? Aquela viagem, aquele curso, uma nova profissão, passeios à tarde, a dedicação a um novo hobbie. Para os que consideram ser muito significativo continuar exercendo o papel de provedor e cuidador, serviços voluntários e seres necessitados é o que não falta, então pode ser o momento de se promover a pais ou mães arquetípicos, capazes de apoiar, cuidar, proteger e nutrir uma causa ou outros seres, sejam ou não crianças.

O mais importante é estarem conectados ao grande fluxo da vida que sempre anda para frente. Não podemos impedir que as águas que nascem de uma pequena fonte , adiante se fortaleçam para se lançar em cachoeiras e que sigam o seu curso até o mar. Assim também é no sistema familiar:  os pais dão aos filhos o que receberam de seus próprios pais, que um dia também foram deixados para que a vida prosperasse e eles criassem a sua própria família. Assim será com os filhos, que apenas poderão retribuir aos pais o que deles receberam dando de si mesmos aos próprios filhos.

A mesma experiência do ponto de vista dos filhos

Os filhos também sentem saudades, insegurança e o desejo de ver os seus pais bem. Especialmente quando existe apenas um dos pais, em função de divórcio ou viuvez. De uma certa forma, os filhos tendem a se privar de seguir o próprio caminho se entendem que os pais não ficarão bem, invertendo desta forma a ordem natural e desejável.

Os pais nem sempre imaginam, que por trás deste momento novo que sem dúvida é cercado dos elementos de uma grande aventura na perspectiva dos filhos,  que inclui o desejo de partir, de experimentar e descobrir a vida como novos adultos, também existe confusão, insegurança e medo do que esta por vir. Eles se sentiriam bastante fortalecidos se pudessem lembrar que são os grandes e os filhos, sempre, em relação a eles, os pequenos. E continuassem, de certa forma, sendo para estes uma fonte de apoio e de segurança, sem no entanto super protegê-los e com isto privá-los da experiência de se tornarem de fato adultos e independentes.

Se conseguirem caminhar confiantes e com esperança, apesar das dificuldades naturais deste momento, em breve irão experimentar uma nova forma, potencialmente muito mais tranquila e gratificante de se relacionar em família. E compreenderão que com muita sabedoria, a vida reserva novos ciclos. E os filhos voltaram à sua casa trazendo a vida renovada através de seus netos, novidades e conquistas.

Talvez neste momento pais e filhos toquem de forma profunda esta sabedoria de que este é um equilíbrio que se mantém através das gerações, quando a vida é levada adiante e aceita com alegria, permitindo a este fluxo ser tal qual ele é.

Marise Sampaio Dias 


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