No enfoque das Constelações Sistêmicas, um sistema é um conjunto de elementos que estão interligados entre si, numa contínua relação de mudança.
Um sistema vivo é uma entidade que está em permanente interação com os sistemas que o rodeiam e se adapta a eles para poder sobreviver. É necessária certa quantidade de instabilidade para mudar, adaptar-se e inovar. Mas também é necessária estabilidade para a sua manutenção.
Consideramos as organizações como sistemas vivos porque podemos reconhecê-las como uma entidade e porque sempre estão interatuando com o mundo à sua volta, através de suas múltiplas partes. Estão marcadas tanto pela estabilidade e instabilidade quanto pela ênfase de continuar a sua existência.
A seguir são apresentas as características dos sistemas vivos e as colocamos no contexto das organizações:
• Têm Foco na sobrevivência: Sistemas e organizações querem permanecer vivos. Quando uma organização é fundada existe uma ideia, um desejo, uma necessidade social ou um vazio de mercado que fizeram o fundador ter a iniciativa. Isso gera uma energia que faz com que ela siga adiante. Algumas vezes essa energia acaba e aí a organização pode morrer;
• Os sistemas têm padrões que se repetem. Um padrão é um conjunto inconsciente e repetitivo de ações ou relações que muitas vezes tem a ver com as posições das pessoas em um sistema. O trabalho sistêmico trata frequentemente de tornar visíveis (conscientes) esses padrões inconscientes, deixando claro onde eles podem ser úteis e onde podem provocar danos.
• Cada sistema faz parte de um sistema maior: empregados numa organização, são membros de um time, o time faz parte de um departamento, o departamento é parte de uma unidade de negócios, a organização como um todo está inserida em uma comunidade, país, no mundo.
Cada sistema ao qual você pertence faz parte de um sistema maior. Muitas vezes as características desse grande sistema podem ser vistas num pequeno sistema que faz parte dele.
Muitas vezes nos deparamos com um problema numa pequena parte da organização e a pergunta com abordagem sistêmica é: onde mais na organização esse problema está acontecendo (olhar para o sistema como um todo).
• Está em Intercâmbio permanente com outras partes de outras organizações que também são sistemas vivos. Um sistema que não faz trocas está morto. Essa é uma característica essencial;
• As Partes estão a serviço do todo. Quando se cria uma organização é muito fácil perceber a contribuição de cada parte para o todo. Quando a organização cresce ou há fusões / aquisições acontece muitas vezes de partes quererem garantir a sua sobrevivência e acabam contribuindo cada vez menos com o todo, o que gera disfunções e problemas;
• O todo é mais que a soma das partes. De acordo com a teoria da Gestalt, não se pode ter conhecimento do “todo” por meio de suas partes, pois o todo é maior que a soma de suas partes. Temos como um bom exemplo o caso da Apple, em que tecnologia aplicada em software, hardware, modelo comercial, formato de loja, relacionamento com o cliente, entre outros, geram parcelas de inovações constantes em todos os elos da cadeia de valor possibilitando ao final ganhos exponenciais;
• Auto-regulação. Quando há um problema em um sistema vivo ele cria a sua própria solução. Essa solução que o sistema cria, para nós individualmente, é percebida como um problema. Como por exemplo, no corpo humano quando aparece uma dor de cabeça, em algum lugar existe uma causa para originar esta dor. Ela não é o problema. A dor é um sintoma de que há algo errado no sistema e a auto-regulação gerou o sintoma para provocar a solução.
• Equilíbrio entre a preservação (o que empresa quer manter) e a mudança (o que a empresa quer trocar). Por exemplo, um profissional do departamento de vendas vai ao mundo e volta com novos pedidos. Para conseguir as vendas promete aos clientes que irá providenciar pequenas mudanças nos produtos. Por outro lado, a equipe da área de produção reage e não quer fazer a mudança.
Considerando as empresas como sistemas vivos, necessário se faz uma nova visão sobre elas, seu funcionamento, seus problemas e soluções. Uma nova forma de gestão está sendo proposta pela visão sistêmica e pelas funcionalidades do que resumidamente vamos por hora nomear como ferramentas sistêmicas para gestão inteligente.
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Fontes bibliográficas:
Jorge Manuel Dias, engenheiro eletricista, analista de sistemas, especializado em gestão de negócios, gestão de projetos, sistemas de qualidade e em educação e pedagogia sistêmica, coach e facilitador de constelações sistêmicas. É diretor do Instituto 89.